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BRAZILIAN JOURNAL OF EMERGENCY MEDICINE VOLUME 02 | NÚMERO 2 / 31-33
Logo que identificado, foi retirado o tubo esofágico,
reoxigenado com bolsa válvula máscara e posteriormente
reintubado com checagem simultânea por meio
do ultrassom na região anterior do pescoço, com
procedimento realizado com sucesso e tudo localizado
no interior da traqueia.
INTRODUÇÃO
O correto posicionamento do tubo endotraqueal
é essencial para garantir o manejo da via aérea do
paciente crítico. Sabemos que a intubação esofágica
não reconhecida de forma precoce pode trazer inúmeros
riscos ao paciente, aumentando significativamente sua
mortalidade.
A técnica padrão ouro para verificação primaria do
posicionamento do tubo é a capnografia quantitativa de
onda. Porém, ainda não há uma ampla disponibilidade
nos serviços de emergência e terapia intensiva, não
havendo também profissionais suficientes treinados
para seu uso.
O uso da ultrassonografia point-of-care (POCUS) para
checagem do posicionamento do tubo no interior da
traqueia tem inúmeras vantagens que tornam seu uso
cada vez mais aceito. Além de ser isento de riscos, pode
ser feito beira leito simultaneamente ao procedimento
de intubação, podendo ser repetido quantas vezes forem
necessárias. Não é necessário mobilizar o paciente
Figura 3: Intubação esofágica com o sinal do duplo lumen, onde é para realização de exame radiográfico e não tem
visto o aparecimento não só da traqueia a direita da figura, quanto incidência de radiação. Sua grande vantagem é conferir
do esôfago a esquerda da tela com o seu lumen aberto, devido ao uma rápida tomada de decisão, no caso de intubação
tubo orotraqueal em seu interior. (fonte: o próprio autor) esofágica, com a imediata retirada do tubo do esôfago
e reposicionamento no interior da traqueia, garantindo
RELATO DE CASO maior segurança ao paciente e evitando insuflação do
estômago. Tem como desvantagem ser examinador
dependente, mas tem uma curta curva de aprendizado.
Paciente, 58 anos, da entrada no departamento de
emergência com insuficiência respiratória aguda, há A associação da técnica de visualização direta do
3 dias. À admissão hospitalar paciente encontra-se posicionamento do tubo na traqueia por meio do
normotenso, taquicardico com frequencia cardíaca de POCUS no pescoço anterior associada a visualização
108 bpm e uma saturação em máscara de reservatório de do deslizamento pleural bilateral por meio do POCUS
91%, fazendo uso de musculatura acessória. Realizada pulmonar, ganham maior vantagem em relação a
intubação orotraqueal por sequência rápida de intubação, capnografia, pois podem ser aplicadas inclusive nos
por meio de laringoscopia direta, tubo nº8.0, sem pacientes com baixos valores de débito cardíaco.
intercorrências. Checado posicionamento do tubo
por meio da ausculta pulmonar, com dúvida quanto a Os demais métodos de checagem de intubação
presença de murmúrios ventriculares bilaterais. Logo utilizados são falhos, e trazem consigo muitas falsas
após a intubação, evoluiu com dessaturação com rápido confirmações do correto posicionamento do tubo traqueal.
decréscimo. Decidido avaliar o posicionamento do tubo Entre eles a elevação do tórax bilateral, a visualização da
por meio do ultrassom beira leito com transdutor linear, condensação no interior do tubo, realização de raio x de
com achado do dispositivo no interior do esôfago. tórax, dentre outros.
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