Page 33 - REBRAME - Revista Brasileira de Medicina de Emergência
P. 33
BRAZILIAN JOURNAL OF EMERGENCY MEDICINE VOLUME 03 | NÚMERO 1 / 27-30
INTRODUÇÃO e traumatologia, seu nível de informação foi adquirido em
um curso realizado há mais ou menos trinta dias antes da
O trauma estar entre as principais causas de mortes no realização do atendimento.
mundo, principalmente com o desenvolvimento dos A unidade hospitalar realizava o protocolo e-FAST, porém
grandes centros urbanos, trazendo um alto consumo de não tinha profissionais de enfermagem que realizavam
drogas, aumento no tráfego automobilístico urbano, assim o procedimento, como também profissionais médicos
também como o aumento da violência. 1
eram escassos, então quando havia a necessidade
Com isso houve a criação e desenvolvimento do protocolo do procedimento, era acionado alguns profissionais
estendido de Avaliação Focalizada com Sonografia especialistas para a realização do exame, demandando
para Trauma (e-FAST) utilizado para fins diagnóstico tempo no atendimento de urgência.
por imagem, através do aparelho de ultrassonografia. O e-FAST foi aplicado pelo enfermeiro, evidenciando o
Tem sido um dos exames diagnósticos mais rápidos nos hemotórax na imagem, para que assim a equipe de cirurgia
setores de emergências traumatológicas, como também da unidade realizasse o procedimento de drenagem e
extremamente eficaz, com uma acuracidade em cerca de descompressão torácica, revertendo o prognóstico do
95%. Além de baixo custo, sendo de fácil acessibilidade, paciente, para iniciar o procedimento cirúrgico de maior
inclusive devido a fabricação do equipamento portátil. 2
complexidade com seus sinais vitais estáveis.
O uso do protocolo pelo enfermeiro teve sua regulamentação O paciente que foi aplicado o EFAST, tinha dado entrada na
pelo conselho federal de enfermagem em agosto do ano unidade hospitalar através do serviço de atendimento móvel
de 2021 a realização de ultrassonografia pode ser feito por de urgência (SAMU), com um ferimento de projetil de arma
esse profissional, no paciente beira leito e no atendimento de fogo (PAF) em região torácica esquerda e alterações nos
pré hospitalar, para fins de apoio na assistência à saúde do sinais vitais. Assim como frequência respiratória, cardíaca,
paciente, sendo vedada a emissão de laudo diagnóstico hipotensão e desconforto respiratório.
que é privativo do profissional médico. 4
O relato de experiência deste estudo, ocorreu em um RESULTADOS
hospital de grande porte do estado de Pernambuco,
onde o paciente tinha sido vítima de Perfuração de Arma Paciente J.E.S.S. do gênero masculino, de trinta e dois
de Fogo (PAF), realizou entrada na unidade através do anos de idade, deu entrada na unidade hospitalar vindo
serviço móvel de urgência da região, onde foi aplicado com o serviço de atendimento móvel de urgência (SAMU),
o protocolo e-FAST e evidenciando líquido em cavidade custodiado pela equipe de polícia militar do estado,
torácica, sendo acionado a equipe de cirurgia geral. Onde consciente e orientado, sangramento em tórax esquerdo,
realizou o diagnóstico de hemotórax, e o procedimento na região medial da linha axilar anterior, por ferimento de
de toracocentese, porém o paciente evoluiu para óbito. arma de fogo.
O maior objetivo desse estudo, é trazer fundamentação Paciente chegou com acesso venoso central em veia
prática com embasamento na literatura sobre a subclávia direita e acesso venoso periférico com dispositivo
aplicabilidade do protocolo e-FAST pelo profissional calibroso de número dezoito, com duas soluções de ringer
enfermeiro em casos de hemotórax. lactato de quinhentos mililitros correndo livre em ambos os
Sabendo que a urgência traumatológica é um problema a acessos, e oxigenoterapia por cateter nasal em cinco litros,
nível mundial, essa pesquisa se justifica pela importância únicos dispositivos em uso no paciente até a sua chegada
no manejo da aplicabilidade do protocolo e-FAST pelos na unidade hospitalar.
enfermeiros das unidades de emergências. Sinais vitais alterados, com saturação em oximetria de pulso
em oitenta e quatro por cento, cianose periférica, sudorese,
MATERIAIS E MÉTODOS frequência cardíaca em cento e trinta e três batimentos,
uso de musculatura acessória (esternocleidomastóideos,
Trata-se de um relato de experiência sobre a atuação escalenos e os peitorais) para realizar respiração, mostrando
do enfermeiro na aplicabilidade e manejo do protocolo também as tiragens intercostais, com uma frequência
e-FAST, na unidade de emergência de um hospital terciário respiratória de trinta e seis impulsões por minuto, ausculta
de referência traumatológica do estado de Pernambuco. respiratória com ausência de murmúrio vesicular, além de
hipotensão arterial com valores em oitenta por quarenta
O profissional que realizou o procedimento, foi um milímetros por mercúrio.
residente de enfermagem da especialidade de ortopedia
28 | REBRAME | REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA DE EMERGÊNCIA