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BRAZILIAN JOURNAL OF EMERGENCY MEDICINE   VOLUME 02  /  24-33


          aérea deve estar aliado às demais etapas da reanimação   to critically trauma-critical patients. Tte professionals
          ao paciente crítico vítima de trauma. Os profissionais   involved stould seek anticipation of possible problems
          envolvidos devem buscar antecipação aos possíveis    and tave alternatives for immediate resolution, to reduce
          problemas e ter alternativas para resolução imediata, como   tte tarm to patients.
          forma de reduzir os danos e malefícios aos pacientes.
                                                               Keywords: Intubation. Emergency Medicine. Airway
          Palavras-chave: intubação. Medicina de Emergência.   Management
          Traumatismo Múltiplo




         INTRODUÇÃO                                            METODOLOGIA


         Pacientes vítimas de trauma ocupam diariamente os     Trata-se de uma revisão de literatura realizada entre os
         departamentos de emergência no mundo. A capacitação   meses de dezembro de 2021 a fevereiro de 2022 que
         das equipes multidisplinares as quais participam do   abrangeu artigos científicos, guidelines e capítulos de
         atendimento a esses indivíduos faz-se necessária em   livros especializados, sendo escolhidas aquelas em
         busca do melhor desfecho dessa patologia grave que faz   idiomas português e inglês, publicados nos 15 últimos
         parte do nosso dia a dia. O primeiro passo da avaliação   anos (2007-2022).
         primária do paciente politraumatizado é o manejo das
         vias aéreas (VA). Três pontos devem ser colocados como   A busca foi realizada nas bases de dados Pubmed,
         prioridade na abordagem inicial da VA no trauma: garantir   Research Gate, LILACS, utilizando inicialmente o seguinte
         permeabilidade, adequada oxigenação e/ou ventilação,   descritor na língua inglesa: difficult airway trauma, sendo
         além da garantia de uma VA segura . O trauma por si   181 publicações escolhidas inicialmente por se tratar da
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         só  nos  exige  muita  destreza  ao  manejar  VA,  pois  as   discussão mais ampla sobre o tema. As mesmas foram
         distorções anatômicas sempre nos colocam diante de uma   avaliadas pelo título e palavras-chaves, seguido pelo
         VA difícil (VAD). Apresentações clínicas de ansiedade,   resumo, tabelas e figuras, sendo selecionados no final
         hipóxia, acidose, hipocapnia e hipotensão, nos coloca   50 publicações para leitura na íntegra (Figura 1), pois se
         diante de um cenário de VA fisiologicamente difícil.   adequam aos objetivos traçados pelo trabalho, além de
         Além da VA definitiva, procedimentos considerados mais   trazerem discussões específicas de situações especiais
         simples também fazem parte do manejo nas vítimas de   descritas na discussão.
         trauma: manobras de abertura manual, uso de oxigênio
         suplementar em alto fluxo, uso de dispositivos bolsa-  DISCUSSÃO
         válvula-máscara (BVM), além de dispositivos supraglóticos
         (DSG). Dentre pacientes vítimas de trauma, a principal   Reconhecimento da VAD
         indicação de VA definitiva é a falha na capacidade de
         proteção da via aérea, principalmente nos pacientes
         com rebaixamento de sensório devido à traumatismo     A VAD ocorre em situações que o profissional de saúde
         cranioencefálico (TCE) e/ou intoxicação, além de trauma   se depara com alterações anatômicas ou clínicas que
         de face associado à via aérea contaminada por sangue   predizem a dificuldade na obtenção da VA definitiva.
         ou  vômito.   Segundo  o  banco  de  dados  americano   Quanto à dificuldade do manejo da VA pode-se pensar em
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          National Emergency Airway Registry (NEAR), o TCE é a   2 categorias: anatomicamente difícil e fisiologicamente
          principal indicação de via aérea definitiva no ambiente   difícil. Alterações anatômicas podem interferir em etapas
          de trauma. Outras indicações seriam falha na oxigenação   importantes do manejo da VA, como a laringoscopia
          ou ventilação do doente, secundário à trauma torácico   direta, ventilação com BVM ou DSG, além da prática de
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          direto, como pneumotórax hipertensivo ou hemotórax,   via aérea cirúrgica (Tabela 1).  Em alterações fisiológicas,
          além de lesões críticas que cursam com desfecho clínico   o examinador enfrenta um grande desafio na otimização
          desfavorável, como grandes queimaduras, hematomas ou   global do paciente, principalmente com relação à
          traumas penetrantes cervicais. ’                     saturação de oxigênio, choque instalado e/ou oculto,
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                                                               além de desequilíbrios metabólicos, como a acidose
         De tal modo, este artigo de revisão traz como objetivo   metabólica grave. Todos os pacientes vítimas de trauma
         otimizar o manejo das vias aéreas, possibilitando     devem ter fatores anatômicos e fisiológicos considerados,
         mitigar os resultados adversos (dentre eles, óbito, parada   planejados e, idealmente, corrigidos como parte de seu
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         cardiorrespiratória) por meio do esclarecimento das   plano no manejo das vias aéreas .
         melhores e mais atuais técnicas disponíveis.


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