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BRAZILIAN JOURNAL OF EMERGENCY MEDICINE   VOLUME 02  /  24-33


          locais, entre outras lesões  ameaçadoras  à  vida ’ . A   de ressuscitação para manter o foco em alcançar melhores
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          intubação acordada se inicia sempre com preparação da   resultados para o desfecho clínico dos pacientes, e não
          equipe e material a ser utilizado durante o procedimento.   a realização de procedimentos específicos. As falhas no
                                                               manejo da via aérea são responsáveis por 8-15% das
                                                               mortes por trauma potencialmente evitáveis ’ . Dentre as
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                                                               principais metas de ressuscitação estão a manutenção de
                                                               ventilação e oxigenação adequadas. Manobras eficazes
                                                               são de importância fundamental para evitar e prevenir
                                                               hipoxemia, hiper ou hipocapnia, além de hipotensão,
                                                               situações que alteram negativamente a mortalidade das
                                                               vítimas de trauma ’ . O manejo de lesões com risco de
                                                                               36 37
                                                               vida imediato deve ter prioridade sobre a inserção de
                                                               uma VA avançada. O tratamento do choque hemorrágico,
                                                               outras lesões ameaçadoras devem ser o foco no APH.
                                                               Os efeitos potencialmente prejudiciais da intubação
                                                               endotraqueal e a ventilação mecânica com pressão
                                                               positiva  no  paciente  politraumatizado  com  choque
                                                               hemorrágico ou até mesmo choque obstrutivo incluem
                                                               redução do débito cardíaco, apneia, hipóxia e hipocapnia,
                                                               o que muitas vezes pode até prolongar o tempo de
         Figura 3. paciente com limitação de abertura da boca, distor-
          ções anatômicas, fraturas graves                     atendimento na cena, retardando o tratamento definitivo
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          Fonte: foto cedida pela profa. Dra. Rafaela Bayas – Emergen-  de lesões ameaçadoras ’ . A menos que haja algum sinal
          cista (IJF-CE).                                      de obstrução da VA ou qualquer outra situação grave que
                                                               prejudique a adequada oxigenação/ventilação, devemos
         Planos de resgate devem estar à disposição da equipe, sempre   priorizar medidas não invasivas (manobras de abertura
         prevendo possíveis complicações, nesse caso, em sua grande   manual, uso de cânulas naso/orofaríngea, oxigênio
         maioria, uma equipe preparada para abordagem da VA    suplementar com dispositivos de alto fluxo) para atingir
         cirúrgica. A pré-oxigenação, como já relatado previamente,   tais metas, de forma que a reanimação hemodinâmica
         é parte essencial do sucesso de qualquer manejo da VA no   com hemocomponentes/resolução do choque deve estar
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         departamento de emergência . Muitos trabalhos mostram   em primeiro lugar, desse modo reduzindo a alta taxa de
          que o uso de oxigênio em dispositivos/terapias de alto fluxo   incidência de hipotensão ou parada cardiorrespiratória
          reduz drasticamente os episódios de dessaturação. Pacientes   pós intubação endotraqueal ’ .
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          que realizam a técnica de intubação acordado com algum
          tipo de sedação mínima ou até mesmo os que fazem apenas   TRAUMA DE FACE
          topicalização com anestésicos locais na VA devem utilizar
          oxigênio suplementar durante todo o procedimento . O
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          processo de topicalização da VA tem a lidocaína como   As lesões graves de face em pacientes vítimas de trauma
          principal anestésico utilizado/recomendado, pois seu efeito   são causas frequentes de atendimento no DE. O manejo
          local apresenta baixas alterações cardiovasculares e possui   de tais lesões, pode ser bastante desafiador (Figura 4). A
          um perfil com reduzida toxicidade sistêmica ’ . A intubação   possibilidade de sangramentos volumosos e a proximidade
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         acordado pode ser realizada sem sedação, porém seu uso   com outras estruturas nobres (sistema nervoso central,
         em doses mínimas pode melhorar a ansiedade, desconforto   coluna cervical) trazem particularidades ao manejo
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         do paciente e a aumentar a tolerância ao procedimento.   da via aérea . Além da possível perda de reflexos de
         Atualmente, associação de Quetamina (0,5-1,0 mg/kg) e   proteção da VA, o que aumenta o risco de aspiração,
         Dexmetomidina (0,8-1,0 mcg/kg) em doses baixas tem    tais situações vem acompanhadas de redução do nível
         demonstrado efeitos satisfatórios na sedação mínima,   de consciência por lesões de SNC ou intoxicação por
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         contribuindo para a taxa de sucesso de tal procedimento ’ .  álcool/drogas; a presença de restos de partes moles, dentes
                                                               quebrados ou outros corpos estranhos fazem parte do
         SITUAÇÕES ESPECIAIS                                   cenário de atendimento a esses pacientes críticos. Deve-
                                                               se ter em mente que os traumas de face proporcionam
                                                               alta probabilidade da existência de uma VA ameaçada .
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         Via Aérea Avançada no Serviço Pré-hospitalar          O manejo inicial parte da pesquisa de sinais de que
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         As decisões sobre o manejo das vias aéreas com trauma no   de estridores, desvio de traqueia, grande quantidade de
         APH devem ser direcionadas para atingir metas específicas   vômitos e/ou sangue em cavidade oral. No mais, o método



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