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BRAZILIAN JOURNAL OF EMERGENCY MEDICINE VOLUME 02 / 7-11
INTRODUÇÃO • Estabelecer os limites de sua identidade pessoal e
profissional.
A medicina de emergência é uma especialidade recente Nesse contexto surgem três categorias de estresse presente
no Brasil e mesmo já contando com residências dedicadas na Residência Médica: o estresse profissional, o estresse
a área desde 1996, no Rio Grande do Sul e 2008 no situacional e o estresse pessoal. Algumas situações
Ceará, seu nascimento se deu por meio de dois marcos: o de vulnerabilização ao estresse nessas categorias são
reconhecimento da especialidade em 2013 pelo Conselho (Herzog, 1984; Bing-You, 1993; Rudner, 1985; Nogueira–
Federal de Medicina e com a criação da especialidade Martins, 1994):
pelo Conselho Científico de Especialidades da Associação
Médica Brasileira em 2015 (ABRAMED, 2021). Estresse profissional:
Com efeito, a demanda por profissionais capacitados • Administrar o peso da responsabilidade profissional;
especificamente para essa atuação cresceu e,
proporcionalmente, a procura pelo locus de formação • Manejo com o paciente difícil;
do médico emergencista, a residência, também. Ano • Gerenciar o volume de conhecimento;
a ano as seleções contaram com um número crescente
de candidatos o que aponta para uma apropriação dos • Supervisionar estudantes e residentes mais jovens.
espaços profissionais por médicos com melhor capacitação, Estresse situacional:
mas também para uma necessidade de maior e melhor
estruturação das residências em Medicina de Emergência • Privações de sono;
para atender essa demanda.
• Excessiva carga assistencial;
Em 2017 a coordenação da Residência de Medicina de • Fadiga;
Emergência decide fundar um Serviço de Psicologia com
o objetivo de dar suporte aos residentes, aos preceptores • Excesso de trabalho administrativo.
e à coordenação. • Problemas relativos à qualidade do ensino e ao
ambiente educacional;
Esse texto se constitui, assim, como um relato de
experiência feito a partir da implantação desse Serviço de Estresse pessoal:
Psicologia na Residência de Medicina de Emergência do
Ceará. Desta forma objetivamos expor os passos iniciais • Vinculado às características individuais e situações
que constituíram essa empreitada pioneira no Brasil pessoais;
demarcando as atividades, as dificuldades e os caminhos • Vulnerabilidades psicológicas;
que esse trabalho trilhou a fim de registar o processo e a
proposta de atuação para que no futuro outras residências • Situação socioeconômica;
possam desenvolver um trabalho semelhante. • Problemas familiares.
A REALIDADE DAS RESIDÊNCIAS MÉDICAS E Nesse contexto podemos destacar a morbidade geral
SEUS IMPACTOS NA SAÚDE MENTAL associada a: relação entre privação do sono e distúrbios
cognitivos, comportamentos aditivos (abuso de álcool e
drogas); sofrimento nas relações interpessoais, entre elas
Para que possamos traçar os motivos que levaram a divórcio e ruptura de relações afetivas, manifestações
coordenação da residência a buscar a implantação de um psicopatológicas tais como ansiedade, depressão e síndrome
serviço como o que aqui propomos é necessário admitir de Burnout, podendo chegar ao suicídio; e disfunções
o quadro geral dos fatores psicológicos implicados nas profissionais, que podem se expressar como insatisfação no
residências médicas. trabalho, afastamentos e licenças, erros, excesso ou falta de
Do ponto de vista psicológico, o residente deve aprender: confiança, ceticismo, perda de compaixão.
• Lidar com sentimentos de vulnerabilidade; O tema, apesar de relevante, tem tido pouco espaço nas
pesquisas, principalmente no Brasil. Nos EUA, Bing-
• Fazer um balanço entre o desejo de cuidar e o desejo You (1993) pesquisou situações geradoras de ansiedade
de curar; referente às reações psicológicas vinculadas à tarefa
• Lidar com sentimentos de desamparo em relação ao assistencial. Utilizou como método um questionário
sistema assistencial; e, aplicado em 35 residentes no início do R1 e obteve as
seguintes atividades (em ordem decrescente):
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