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Meira Júnior LE; Fialho MTCJ; Silva MFB; Lages AV; Faria CR

          fatores aponta para a necessidade de ampliar a capacitação   masculino, idade igual ou inferior a 40 anos, formação na
          da população em geral para a atenção mais oportuna em   área da saúde e participação em cursos de SBV há menos
          casos de assistência à PCR. Outros autores já apontaram   de cinco anos. É necessário que mais cursos sejam ofertados
          a necessidade de capacitação em massa, bem como de   à população leiga sobre o assunto, sob risco da alocação
          aumentar a conscientização sobre os DEAs como uma    dos DEAs em ambientes públicos se transformarem em
          ferramenta de uso público, tal como já existe a percepção   peças decorativas e subutilizadas.
          sobre os extintores de incêndio . É relevante destacar
                                     10
          que já existem estudos que avaliam o reconhecimento   REFERÊNCIAS
          do símbolo de identificação do DEA em locais públicos,
          o que representa um nível mais elevado de envolvimento
          da população leiga com a proposta de atenção precoce   1. Brasil. Ministério da Saúde. Datasus: Indicadores de
          à PCR .                                                  mortalidade: mortalidade proporcional por grupos
               16
                                                                   de causas. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.
          O fato de ter participado há menos de cinco anos de      br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/obt10uf.def.Acesso em: 04
          treinamento em SBV manter-se como variável associada     mar. 2017.
          ao reconhecimento do DEA no modelo final, destaca
          a necessidade de que os cursos para a população leiga   2. Perkins GD, Handley AJ, Koster RW, Castrén M, Smyth
          sejam realizados de forma frequente. A elevada proporção   MA, Olasveengen T, et al. European Resuscitation
          de pessoas que apresentaram respostas inadequadas        Council Guidelines for Resuscitation 2015: Section
          ao questionário também é um alerta para que sejam        2. Adult basic life support and automated external
          providenciadas oportunidades de capacitação. É bem       defibrillation. Resuscitation. 2015; 95: 81–99.
          regulamentado o direito do cidadão em usar os DEAs   3. Dosdall1, Fast VG, Ideker RE. Mechanisms of
          em locais públicos, porém um pequeno percentual das      Defibrillation. Annu  Rev  Biomed  Eng. 2010;  12:
          pessoas entrevistadas sabiam que qualquer cidadão está   233–58.
          autorizado a utilizar este dispositivo em locais públicos.
          Esse achado é corroborado por outros estudos, mas não   4. Nielsen AM, Folke F, Lippert FK, Rasmussena LS Use and
          devem desestimular a disponibilização de equipamentos,   benefits of public accessdefibrillation in a nation-wide
          conforme asseguram Eisenberg e Rea em reflexão           network. Resuscitation. 2013; 84: 430–4.
          editorial .  Os autores destacam que os resultados
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         observados em relação aos pacientes assistidos devem ser   5. Schober P, Van Dehn FB, Bierens JJLM, Loer SA, Schwarte
         vistos como estímulos para a capacitação contínua e maior   LA. Public access defibrillation: time to access the
         disponibilidade de equipamentos.                          public. Annals of emergency medicine. 2011; 58 (3):
                                                                   240-247.
         De fato, os programas de educação em saúde para a
         reanimação e atendimento à PCR são muito escassos     6. England H, Hoffman C, Hodgman T, Singh S, Homoud
         no  Brasil.  É  preciso  que  muitas  capacitações  sejam   M, Weinstock J, et al. Effectiveness of automated
         realizadas até que a população reconheça mais facilmente   external defibrillators in high schools in greater Boston.
         o DEA e sinta-se confiante para iniciar as manobras de    Am J Cardiol. 2005; 95(12): 1484-6.
         ressuscitação e aplicação dos recursos disponíveis. Alguns
         autores destacam que é desejável que os DEAs sejam,   7. Gonzalez MM, Timerman S, Gianotto-Oliveira R,
         em pouco tempo, reconhecidos de forma tão natural         Polastri TF, Canesin MF, Lage SG, et al. Sociedade
         como os extintores de incêndio 10,17.   Deve-se destacar   Brasileira de Cardiologia. I Diretriz de Ressuscitação
          ainda os elevados custos com pacientes que passam por    Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de
          eventos cardiovasculares agudos, sendo considerada       Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
          positiva a relaçãocusto-efetividade da implementação e   Arq Bras Cardiol. 2013; 101(2 Supl.3): 1-221.
          disseminação do acesso público ao DEA .              8. Kitamura T, Iwami T, Kawamura T, Nagao K, Tanaka H,
                                            18
                                                                   Hiraide A. Nationwide public-access defibrillation in
         CONCLUSÃO                                                 Japan. N Engl J Med. 2010; 362(11): 994-1004

                                                               9. Myerburg RJ. Initiatives for Improving Out-of-Hospital
         Registrou-se  uma  elevada  proporção  de  pessoas  que   Cardiac Arrest Outcomes. Circulation. 2014; 130:
         desconhecem o DEA e que apresentam também importantes     1840-1843.
         lacunas de conhecimento em relação à atenção precoce e
         oportuna à vítima de PCR. As variáveis que se mostraram   10.  Gonzalez M, Leary M, Blewer AL, Cinousis M, Sheak
         associadas ao reconhecimento do DEA foram: sexo           K, Ward M, et al. Public knowledge of automatic





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