Seção - Imagem da Semana

Qual o modo de visualização de imagem que podemos identificar acima?

Resposta:

Sabemos que a veia cava inferior é responsável pelo retorno do sangue sistêmico de volta ao coração. Pode ser utilizada como uma forma, apesar de limitada, de estimarmos o status volêmico do paciente, bem como utiliza-la em casos selecionados como um dos marcadores de fluidoresponsividade pela mensuração do seu diâmetro e sua dinâmica durante os ciclos respiratórios.

Para realizar esse exame, utilizamos um transdutor de baixa frequência, preferencialmente na região subxifóide, na orientação cefálica-caudal. Para evitarmos confundir aorta com veia cava inferior, presentes na mesma imagem muitas vezes, devemos sempre visualizar a cava ‘’entrando’’ no átrio direito. No departamento de emergência, podemos utilizar o modo M (modo onde podemos acompanhar o ‘’movimento’’ da imagem ao longo do tempo), como visto na imagem acima, cerca de 2 centímetros da entrada do átrio direito, para visualizarmos a variabilidade da cava de acordo com os movimentos inspiratórios.

Porém, existem algumas limitações que devem ser levadas em consideração abaixo:

Em condições como infarto de ventrículo direito, tamponamento cardíaco, embolia pulmonar maciça, asma/exacerbações de DPOC, pacientes ventilados mecanicamente com pressões positivas, a mensuração da veia cava inferior pode não ser confiável quando comparada ao status volêmico do paciente.

Uma interpretação errônea do estudo ultrassonográfico da veia cava pode se dar quando a técnica não é aplicada adequadamente e o transdutor é mal posicionado. Erros na interpretação de imagem podem gerar condutas inadequadas no departamento de emergência, tais como administração de fluidos ou diuréticos de acordo com a imagem adquirida, que é examinador-dependente.

Devemos lembrar, no entanto, que a visualização da veia cava inferior e sua variabilidade, isoladamente, não permite diagnosticar a fluidoresponsividade, devendo-se levar em conta outros achados multiórgãos, tais como ultrassom pulmonar com ou sem sinais de congestão, câmaras cardíacas direita e esquerda, além de critérios clinicos.


Referências:
1. International Evidence-Based Recommendations for Focused Cardiac Ultrasound. Journal of the American Society of Echocardiography Volume 27 Number 7
2. Common pitfalls in point‑of‑care ultrasound: a practical guide for emergency and critical care physicians. Pablo Blanco1,2* and Giovanni Volpicelli3. Blanco and Volpicelli Crit Ultrasound J (2016) 8:15
3. Acute Right Ventricular Dysfunction Real-Time Management With Echocardiography. Sundar Krishnan , MBBS ; and Gregory A. Schmidt , MD, FCCP. CHEST MARCH 2015


por Patrícia Lopes Gaspar (Residente de Medicina de Emergência do Ceará)
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