Seção - Imagem da Semana

Paciente homem, 68 anos, hipertenso, diabético , sedentário, com infarto agudo do miocárdio há 6 anos. Da entrada no DE com dispneia. E aí? O que podemos ver nessa imagem?

Resposta:

O parênquima pulmonar, composto de ar, não conduz o feixe ultrassonográfico adequadamente, gerando artefatos. Por muito tempo se pensou que não seria possível visualizar achados de ultrassom pulmonar além da pleura por este motivo. Porém, hoje sabemos que, em situações de injuria pulmonar, podemos observar padrões específicos de artefatos resultantes das alterações patológicas da interface gás-tecido.

Um destes padrões gera estruturas semelhantes a caudas de cometa, as famosas linhas B, presentes na orientação vertical, correspondendo a artefatos de reverberação hiperecoica que surgem da linha pleural, estendendo para a parte inferior da tela sem desaparecer, que se movem de forma síncrona com o deslizamento pleural. Esse achado pode ser encontrado nos pacientes com edema pulmonar, também chamado de infiltrado intersticial, caracterizado pela redução da aeração pulmonar periférica e espessamento dos septos interlobulares, apesar de poder ser encontrado em pulmões normais.

O achado de mais de 3 linhas B já pode ser considerado anormal. Em relação ao espaçamento entre elas, linhas B com 7 mm de distância correspondem a espessamento interlobular e linhas B com 3 mm ou menos de distância correspondem a áreas de edema alveolar (achado de vidro fosco na tomografia).

Em pacientes com insuficiência cardíaca, o número de linhas B é diretamente proporcional à piora da classe funcional, e o achado de edema pulmonar em resolução pelo ultrassom se associa ao tratamento dessa condição.


Referências:
Ultrassom pulmonar em pacientes críticos: uma nova ferramenta diagnóstica.
J Bras Pneumol. 2012;38(2):246-256
Daniel Lichtenstein. Lung ultrasound in the critically ill. 2014.


por Patrícia Lopes Gaspar (Residente de Medicina de Emergência do Ceará)
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